Ex-delegado da PF, Protógenes Queiroz pede asilo político na Suíça
Ex-deputado e
ex-delegado da Polícia Federal diz que “corre risco” se voltar ao Brasil
· Estadão Conteúdo ·
[06/04/2016]
· Protógenes
Queiroz foi demitido da Polícia Federal em 2015. Antônio More/Gazeta
do Povo
O ex-deputado e ex-delegado da Polícia Federal Protógenes Queiroz pediu
asilo político na Suíça, alegando que sua vida “corre risco” por conta de seu
trabalho como delegado investigando a corrupção. Seu dossiê foi aceito nesta
quarta (6) pelas autoridades que passarão avaliar o processo.
Numa longa
entrevista concedida ao jornal Sept, da Suíça, ele conta que se exilou já em
outubro, ao viajar para o país para uma conferência em Genebra. “Eu me sinto em
casa aqui”, disse.
Segundo o delegado, se ele voltar será “executado”. “Minha vida está em
jogo”, disse. “Eu detenho muitos segredos”, insistiu. “A Justiça do meu país
decidiu retirar a proteção que eu tinha quando era policial. Decidi buscar a
segurança aqui na Suíça “, explicou.
Em outubro de 2015,
o governo demitiu Protógenes da PF por transgressões disciplinares. Ele foi
alvo de uma ação criminal na Justiça Federal em São Paulo e acabou condenado a
dois anos e seis meses de prisão por quebra de sigilo funcional ao promover o
vazamento de dados do inquérito da Operação Satiagraha, que terminou anulada.
Apresentando-se
como alguém que lutou contra a corrupção desde 1999, ele é qualificado pelo
jornal suíço como “uma espécie de Eliot Ness contemporâneo” e “incorruptível”.
Protógenes admite que precisaria se apresentar à Justiça diante de uma
condenação que sofreu por abuso de poder. Mas ele alerta que “tem medo”.
Eliot Ness foi um
famoso agente federal americano que aniquilou Al Capone, o poderoso
contrabandista de bebidas que desafiou a lei seca implantada a ferro e fogo na
Chicago dos anos 1930. Ele virou herói no filme Os Intocáveis, no papel do ator
Kevin Costner. O jornal francês Le Monde, já havia comparado o juiz federal
Sérgio Moro, da Operação Lava Jato, ao agente.
Oposição avalia que parecer de Joavir Arantes dá força a impeachment de
Dilma
Protógenes também afirma ter colaborado com a Operação Lava Jato. “Minha
participação foi muito discreta”, explicou, contando que isso ocorreu por conta
de suas atividades de investigação anteriores. O ex-deputado acusa o “entorno
da presidente Dilma Rousseff “ ainda de tê-lo afastado da investigação, no
início de 2015.
Para ele, a Lava
Jato corre o risco “de terminar como as anteriores, com a demissão de policiais
e talvez assassinatos.”
Na entrevista, ele
garante que investigou Lula e Dilma e que sua enquete “já apontava para o
Panamá”. Ele diz ainda ter escapado de quatro atentados e uma de suas filhas
foi sequestrada.
Satiagraha
A Satiagraha foi deflagrada na manhã de 8 de julho de 2008 e sacudiu o
País. Sob comando de Protógenes a PF prendeu o banqueiro Daniel Dantas, do
Opportunity, no Rio, além do ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta (1997/2000)
por suspeita de envolvimento em um esquema de corrupção, lavagem de dinheiro,
evasão de divisas, sonegação fiscal e formação de quadrilha. Outro alvo da
missão espetacular foi o investidor Naji Nahas.
A Polícia Federal
abriu inquérito para investigar a conduta do delegado e concluiu que ele fez
uso de grampos ilegais e mobilizou um grande efetivo de arapongas da Agência Brasileira
de Inteligência (Abin) – que trabalham para a Presidência da República e não
para a PF.
A Satiagraha acabou
anulada em 2011 pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ)
Fonte: http://www.gazetadopovo.com.br/vida-publica/ex-delegado-da-pf-protogenes-queiroz-pede-asilo-politico-na-suica-ap8sf2pybmql0z0fhezsq30r8?ref=yfp
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